Depressão - Parte II

Estou completamente perdida. Literalmente, estou num barquinho em pleno mar aberto sem saber qual direção seguir. Talvez essa falta de direção talvez seja motivada pela ausência de perspectiva. Não tenho como sair de onde estou, sou água parada, estagnada. Talvez seja a depressão, mas o que é isso afinal de contas? Eu diria que é uma total ausência de qualquer sensação de prazer e a inexistência de perspectiva. Eu tento melhorar, eu tento estudar e, finalmente, aprender a desenhar. Quando eu tento melhorar, nunca é o suficiente. Quando eu tento estudar, eu não consigo reter nada do que aprendo, as vezes leio 5 vezes a mesma coisa e mesmo assim ainda esqueço. Eu tento dialogar com o que leio, interpretar e, de alguma forma, conectar com a minha vida. Mas, mesmo assim, nada fica. O desenho é uma vontade antiga e eu tenho persistido mas aí lá no fundo da minha mente vem a velha amiga me questionar o por que de tanto esforço.
- Por que você ainda tenta?
- Por que eu preciso.
- Você precisa entender a realidade e encará-la. Olha o nada que você se tornou.
- Eu sei disso, tá? Todos somos nada. Somos apenas poeira, viemos pra cá dar uma volta e logo voltamos.
- Se você sabe disso, por que ainda persiste em errar?
- Acho que é o que me faz humana. Além do mais, não acho que tenho a constituição para me matar.
- Então você prefere vegetar?
- Não é uma questão de preferência. Talvez se você me deixasse em paz, eu conseguiria. Eu tento mas você sempre volta.
- Eu sempre estarei aqui, sou parte do que você é.
- Pior que eu sei disso. Você me tornou uma pessoa quebrada mas não sei quem eu sou sem você.
- Você continua sendo nada.
- Sim...você está sempre aqui para me lembrar disso apesar de já saber.
- É o que eu gosto de fazer, tornar as coisas mais visíveis pra você. Estarei aqui enquanto você existir.
- É o que me assusta, se você sempre estará aqui e eu não sei quem sou sem você. Isso significa que pouco vou conseguir mudar na minha vida.
- Exato.
- Eu tento sabe? ver as coisas boas da vida, ver o lado bom, te deixar num baú trancado num quarto escuro. Mas você sempre se liberta e parece que cada vez mais forte.
- Você não pode me negar, sou fruto da sua natureza.
- Da minha não! Eu sou uma pessoa amigável, amo os animais e venero a natureza. Não sei por que você está aqui! Eu amo ler, quero aprender mas você não deixa! Por que você não vai embora?
- Só há um jeito de eu ir embora.
- Um dia quem sabe. Quando eu me cansar de lutar. Todo santo dia.
- Estarei aqui. Esperando.
- Eu sei.

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