Depressão

Toda vez que abro uma página para escrever parece que as palavras somem. Minha mente é um constante turbilhão que me deixa exausta mas, quando preciso colocar isso pra fora nada sai ou então é muito dificil de falar.

A minha terceira sessão de terapia foi ontem e foi extenuante. Minha cabeca doia tanto que as neosaldinas não adiantaram e tive que passar para o sublingual que, para minha surpresa, deu conta do recado. Depois de todo esse drama na sessão ainda fui chamada atenção pela chefe que me cobrou uma postura mais reservada frente aos meus alunos. Engraçado é que a reclamação foi uma brincadeira em sala que gerou uma ligação da responsável para o meu local de trabalho.

Sério, se eu soubesse fazer outra coisa, seu eu pudesse escolher, eu jamais entraria numa sala de aula novamente. Não importa o quanto você sabe ou quão dedicada você é ao preparar suas aulas. O que importa é se os alunos passam e se estão mais ou menos satisfeitos com seu desempenho.

Desempenho esse que é testado constantemente. Primeiro, há as observações de aula que agora não são feitas mais presencialmente. Sua aula é gravada e olha que bacana, significa que, quem quer que esteja te avaliando pode manipular o vídeo para diminuir a velocidade e voltar quantas vezes forem necessárias para obterem o mínimo de detalhes possíveis sobre sua capacidade em sala de aula. A capacidade do aluno não interessa. Não importa que ele não esteja fazendo o mínimo para prestar atenção na sua aula ou participar, a culpa é sempre da professora que não usou a devida ferramenta ou não aproveitou as habilidades intrínsecas dos seus alunos. Aí, semanas ou até meses depois, você recebe uma avaliação. A última que recebi, o quadro não apareceu na gravação devido ao reflexo da luz e o avaliador não conseguiu ver o que estava sendo apresentado, em vez de me perguntar ele fez uma suposição e baseou o restante da avaliação dele nisso. Eu nem questiono mais. Eles sempre tem uma justificativa para proteger a avaliação deles e as minhas observações nunca conseguem esclarecer nada. Então, concordo, finjo demência e sigo.
Além disso, temos também a avaliação dos seres iluminados: os alunos. Avaliam sua didática, sua postura e seu relacionamento com eles. Agora, eu me pergunto...do que alunos entendem de didática se mal tentam participar do que está sendo feito em sala? Se você não sorri o tempo todo, não tira brincadeiras, você é mal-amada, rude e uma péssima professora. Agora, se você brinca, sorri e é simpática também não é o ideal. Olha...tá difícil.
Para culminar as avaliações, sua chefe vai observar sua aula também. Porque, convenhamos, não é? A culpa das turmas estarem cheias ou vazias, de trancamentos ou cancelamentos, de satisfação ou insatisfação, é toda da professora. Não há fatores externos convincentes o suficiente do contrário. E após a aula você ainda deve passar pelo escrutínio da chefe.
Somada essas três avaliações é feita uma média do seu desempenho. Obtendo uma porcentagem ideal de, no mínimo, 75% de aceitação você ganha um bônus da empresa. Olha que bacana! Isso realmente é motivador! Quero aprender mais e me tornar cada vez melhor em sala de aula! Me poupe! Avaliações como essa são extremamente subjetivas! A gravação interfere, a luz, o som, se sua turma é receptiva com você, o nível de participação deles, o seu relacionamento com seu superior e por aí vai! Dificilmente, ela vai avaliar, realmente, sua didática e capacidade em sala de aula.
Todo professor deveria ganhar um bônus só por se levantar da cama! Se o professor fez uma brincadeira, ou comentário que você não gostou, fale com ele! Não vá à diretoria falar diretamente com o superior dele! É o sustento de alguém que está em jogo e não o seu ego ferido.
Eu jamais falaria algo para magoar alguém intencionalmente. Mas pode acontecer, você não sabe o que é gatilho para o outro, especialmente em um mundo tão polarizado quanto o nosso.
O que me deixa, extremamente, frustrada é que as pessoas (pais, alunos, etc) se sentem no direito de dizer o que quer que seja ao professor e ao seu superior. Enquanto estamos ali em frente da sala, expostos a todo tipo de exame, os alunos seguem intocados em suas cadeiras. Isso tudo me enoja e, seu eu pudesse, jamais entraria numa sala de aula novamente.

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